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Experiências e conhecimentos marcam a Oficina sobre Política Nacional de Saneamento Básico e a(o)s Catadora(e)s de Materiais Recicláveis.

Um clima descontraído para tratar de assunto muito sério. Assim aconteceu na ultima quinta-feira (18), no Parque São Bartolomeu, a Oficina sobre Política Nacional de Saneamento Básico e os Catadores de Materiais Recicláveis. O evento promovido pelo Complexo Cooperativo de Reciclagem da Bahia – CCRBA, teve o intuito de compartilhar conhecimentos a respeito desse e outros delineamentos jurídicos que afetam diretamente as atividades dos presentes, catadoras, catadores e representantes das cooperativas integrantes do CCRBA.IMG_0152-1
A dinâmica proposta pela facilitadora, a bióloga Ana Carine Oliveira, tornou a discussão mais leve, mas não menos interessante: divididos em grupos, catadoras e catadores apresentaram com textos curtos e desenhos seus entendimentos sobre saneamento básico. Instalação e/ou entupimento de rede de esgoto, coleta irregular do lixo, água tratada, esgoto limpo foram situações apontadas em comum, o que direcionou serem mais perceptíveis as consequências da ausência desse direito. Também foram exibidas reportagens especiais, gráficos e dados estatísticos com a situação do saneamento pelo país. Num segundo momento, os presentes trouxeram suas experiências individuais sobre o que acontece quando não há saneamento básico nos bairros.IMG_0207-1
Para Carine, encontros como esse são fantásticos pelo partilhar de informações: “É uma experiência sem igual, é uma troca! A gente às vezes imagina que eles vêm vazios e não é assim. Encontros como esses nos preenchem também porque cada um traz sua visão de mundo, traz algo de seu cotidiano. A gente que tem essa informação tem a obrigação de repassar. Quando não se entende ou desconhece, você ‘navega’ no que as pessoas dizem a você, quando você se mune de informação, você pode correr pra cima, brigar por seus direitos”, pontuou a bióloga com brilho no olho.IMG_0028-1
Para Edson de Jesus, da cooperativa RECICOOP/CCRBA, esse tipo de evento enriquece o fazer, no dia a dia. “Conhecer sobre a história do saneamento básico, em que implica a atividade da catação no saneamento, saber que o rejeito descartado errado, traz consequências para o saneamento, são informações que temos a partir de agora e vamos repassar aos companheiros na cooperativa.”, assegurou.IMG_0040
Josélia Machado, da cooperativa CANORE/CCRBA, percebeu o quanto as experiências do dia a dia da catação estão ligados ao bom andamento do saneamento básico. “Uma responsabilidade nossa também, mas que no cotidiano do trabalho, nem nos damos conta dessa ligação. Muita gente não sabe o que é saneamento e a partir de agora nos tornamos agentes multiplicadores dessas informações”, afirmou, ela.

Também para Jaqueline, da cooperativa COOPERLIX, o dia foi de muito aprendizado e esclarecimentos sobre o que deveria ser de competência do governo e como a população em geral pode se ajudar. “São atitudes que ajudam a gente mesmo, quando tudo entope na comunidade a gente que mais sofre. O que acontece é que grande parcela da população nem sabe o que é saneamento, então não é só o governo”, refletiu, a catadora.
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Coordenador do Projeto Cuidar das Cidades: Nossa Casa Comum, Joilson Santana, pontuou como a questão do saneamento básico afeta a vida da gente, sejamos catadores ou não, mas que é preciso relacionar a atividade mostrando o grau de importância que a coleta de resíduo sólido tem nessa dinâmica. “O resíduo sólido que a gente coleta, quando não descartado de maneira adequada, atrapalha o bom andamento do saneamento básico. Se as prefeituras enxergassem as cooperativas como parceiras, na potencialidade de suas atividades, muito dessa situação estaria resolvido”, ressaltou Santana.IMG_0214
A presidente do Complexo Cooperativo de Reciclagem da Bahia - CCRBA, Michele Almeida, explicou a urgência do reconhecimento da atividade da catação e seus agentes nesse processo: “as empresas que coletam lixo em Salvador não dão conta e os resíduos continuam a serem, descartados de maneira equivocada. O trabalho desenvolvido pelas cooperativas ajudaria muito na dinâmica das redes de saneamento em nosso estado.”, finalizou a presidente.IMG_0148
A Oficina sobre Política Nacional de Saneamento Básico e os Catadores de Materiais Recicláveis é das ações Projeto Cuidar das Cidades: Nossa Casa Comum executado pelo Complexo Cooperativo de Reciclagem da Bahia - CCRBA apoiado Programa CASA Cidades – Fortalecendo Comunidades para a Construção de Cidades Inclusivas, Resilientes e Sustentáveis” criado pelo Fundo Socioambiental CASA, também contou com o apoio do Centro de Arte e Meio Ambiente – CAMA. A próxima edição está prevista para final de novembro.