Em todas as edições do PDC, os participantes trabalham em um estudo de caso, elaborando uma proposta de design ecológico para um determinado espaço na cidade. Dessa vez, o projeto de design permacultural terá como estudo de caso justamente o Quilombaque Perus e seu entorno. O Quilombaque recebeu o 2º módulo do curso e, tivemos a ilustre presença de José Soró, uma das lideranças do local, que pôde compartilhar a história de combate à pobreza e violência através da arte e da cultura que vêm escrevendo.
O espaço faz parte do Território de Interesse da Cultura e da Paisagem Perus Jaraguá, espaços de gestão urbana organizados por meio de iniciativa popular, aprovados no contexto do Plano Diretor de São Paulo de 2014, envolvendo a articulação e integração de diversos objetos presentes no território com a perspectiva de estimular um desenvolvimento inclusivo e sustentável.
No dia 29 de setembro (sábado), a aula sobre Leitura da Paisagem começou ao ar livre, com Peter Webb, permacultor pioneiro australiano, soltando a seguinte pergunta: O que te faz feliz? As respostas conduziram a uma outra relação dos participantes com o seu entorno, observando melhor os padrões existentes na Natureza, incluindo nós mesmos. A aula se expandiu numa caminhada para leitura da paisagem do entorno da Biblioteca Municipal Padre José de Anchieta, no município de Perus, em São Paulo.
Pela tarde, Tomaz Lotufo conduziu a aula de Metodologia de Design, da qual se destacou a diversão dos participantes numa dinâmica onde cada um era um elemento que anunciava os seus recursos e necessidades e, através deles, se associava ao próximo elemento se conectando com a ponta do rolo de barbante. A observação da integração dos elementos serviu de muita reflexão sobre a percepção dos fluxos existentes no ambiente e como podemos melhorar o fluxo entre eles.
No dia 30 de setembro (domingo), foi a vez da arquiteta e permacultora Andressa Capriglione falar sobre Arquitetura Apropriada e Bioconstrução, junto de Vanilson Fifo que compartilhou sobre as suas experiências com construção natural na Casa Ecoativa, zona Sul de São Paulo. Ampliando a gama de opções e conhecimentos dos participantes a respeito das mais variadas técnicas de construção.
QUILOMBAQUE PERUS por eles mesmos: Firmeza Permanente - "Quebrando correntes e plantando sementes..."
A Comunidade Cultural Quilombaque foi criada em 2005 por jovens, artistas, agentes e ativistas culturais de Perus e região com o objetivo de enfrentar os problemas e dilemas que cercam a juventude vivendo nas periferias, principalmente a miséria e a violência. Desde o principio, o desenvolvimento humano através da arte, cultura e conhecimento são nossos instrumentos e ferramentas para produção de mudanças efetivas nesta realidade. Pois estes, compreendidos e articulados de modo sistêmico, promovem e proporcionam garantia de acesso a um direito humano essencial; Emancipação ampliando e amplificando o universo imaginário e o repertório de linguagens; Autonomia gerando trabalho renda e perspectivas aos jovens; Desenvolvimento Local, através da economia criativa, solidária, cultural e ambiental, por pressuposto edificantes e não degradantes, para assim promover inclusão social em desenvolvimento local sustentável condições elementares para o exercício pleno da cidadania e consolidação do Estado Democrático de Direitos. Mas imensos são os desafios nas periferias, territórios que para além da escassez econômica e social são determinados pela negação, incapacidade e impossibilidade e todas as formas de violências gerando uma espiral entrópica que tolhe a espontaneidade, o convívio, minando a esperança, o genocídio da alma.Durante estes anos foi preciso transver para poder ver e revelar potenciais, potencialidades e potencias: Além da arte, cultura e o conhecimento, a própria identidade periférica, forjada na criativa capacidade de resistir; a juventude com sua energia e disposição contesto transformadora e, a história e a memória viva que resignificam o presente para construir futuros. Desenvolvemos como estratégia a Reapropriação: ocupação, revitalização e resignificação dos usos e relações de espaços, como lugares do encontro-elaboração da convivência, da diversidade e das diferenças bem como a criação, fortalecimento e apoio de polos e circuitos dinamico-dinamizadores socioculturais em redes. E nesta perspectiva, articuladas e enredadas em um Plano de Inclusão em Desenvolvimento Local Sustentável, viemos construindo diversas e diferentes iniciativas e atividades, como a Universidade Livre e Colaborativa que, dadas as características delicadas e inusitadas da região, como uma aldeia indígena, um assentamento rural, parques e reservas ambientais, diversos e diferentes bens patrimoniais tombados como a Ferrovia Perus Pirapora e a Fábrica de Cimento Perus, cria e converte em instrumento de planejamento urbano e enfrentamento a especulação imobiliária, sancionados no Plano Diretor Estratégico da cidade em 2014, o Território de Interesse da Cultura e da Paisagem – TICP Perus Anhanguera e Jaraguá.
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