Desde sua fundação, em 2012, a BH em Ciclo vem coletando dados sobre a quantidade e qualidade da infraestrutura cicloviária de Belo Horizonte. Naquele ano, elaboramos um Relatório Foto Ilustrado, chamado de Relatório 1.0, que concluiu que as ciclovias de Belo Horizonte não estavam em conformidade com o Caderno de referência para elaboração de: Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades – de 2007. Em 2013, tentamos elaborar o que seria o Relatório 2.0, com uma metodologia muito mais apurada, mas não chegou a ser concluído.
Em 2016, participamos da elaboração e execução da campanha #D1Passo, com objetivo de incidir na eleição ao Executivo Municipal. Vários coletivos da cidade (Tarifa Zero BH, Bike Anjo BH e Movimento Nossa BH) desenvolveram um plano de governo temático sobre mobilidade urbana sustentável e ele foi apresentado aos onze candidatos à prefeitura. A meta da campanha era que todas as 11 candidatura incluíssem em seus planos de governo as nossas propostas. A chapa vencedora assumiu vários compromissos com o tema, o que nos permitiu dar os passos seguintes, entre eles uma auditoria da Prefeitura/BHTRANS nas ciclovias da cidade. Ela foi realizada, mas os resultados nunca foram disponibilizados para a sociedade.
Em 2016, tão logo se iniciou a transição de governo, começamos um diálogo com a nova administração no sentido de exigir a execução dos compromissos assumidos com relação à mobilidade por bicicleta durante a campanha. Essa pressão resultou em uma reunião com o Prefeito, em que estiveram presentes também o presidente da BHTRANS e um representante do legislativo.
Ao final da conversa, O Prefeito solicitou a elaboração de um plano de mobilidade por bicicleta a ser executado até 2020 com cronograma, previsão de gastos e responsável por executar cada ação. Depois de quase 100 dias de trabalho, que contou com a participação de, além da BH em Ciclo, diversos órgãos ligados à administração pública; nascia o nosso PlanBici. No dia 18/07/2018, ele foi apresentado ao prefeito que o aprovou e solicitou ao presidente da BHTRANS, também presente à essa segunda reunião, a sua execução. Em 2018, lançamos a plataforma de monitoramento do PlanBici – planbicibh.org – com a expectativa de que com essa ferramenta poder expandir para todo e qualquer cidadão e cidadã de Belo Horizonte a possibilidade de fazer o monitoramento regular do que está sendo feito – ou não – com relação ao Plano. Ter um instrumento de controle social como esse dá forças e legitimidade ao Plano, bem como possibilita que mais pessoas o conheçam e cobrem pela execução de suas ações”.
Com objetivo de ter uma atualização do relatório 1.0, elaborado em 2018, e ter mais subsídios para pressionar por melhores políticas, programas e medidas para a bicicleta, a BH em Ciclo, com apoio da Ameciclo, participou do edital do Fundo Casa com o projeto do IDECiclo – Índice de Desenvolvimento Cicloviário de Belo Horizonte – e foi aprovada.
O objetivo geral do IDECiclo é avaliar qualitativamente a malha cicloviária de Belo Horizonte de forma objetiva e fornecer, através de material de referência, subsídios à formulação de políticas e projetos que estejam em consonância com os objetivos estratégicos do Plano de Mobilidade da cidade e também com o PlanBici.
Utilizar os resultados para acompanhamento periódico junto ao poder público e embasar a incidência cidadã. Promover uma comparação da qualidade da infraestrutura cicloviária de Belo Horizonte com outras cidades (Brasília, Recife e São Paulo, por enquanto), por meio de uma nota única para toda a infraestrutura e notas para cada ciclovia. Assim, pode-se saber também onde estão as ciclovias mais bem avaliadas e as com as piores notas.
Com a aplicação do Índice, pretende-se criar uma base sobre o que se deve ou não fazer na cidade nos próximos anos no que diz respeito à estrutura cicloviária, compreendendo que o Plano de Mobilidade Urbana de Belo Horizonte, bem como o PlanBici (Plano de Ação para Mobilidade Urbana por Bicicleta), prevê que se tenha 2% das viagens feitas por bicicleta em 2020, 4% em 2025 e 6% em 2030 (quando a cidade contará com mais de 1000km de infraestruturas conformando uma rede). Para se chegar a esses valores, que envolve o desejo das pessoas por pedalar, é preciso mais do que quilômetros de ciclovia , necessita-se de qualidade da estrutura, de uma rede que realmente atenda à demanda de quem usa e de quem pretende usar a bicicleta como modo de transporte.
Uma boa infraestrutura contribui para atrair as viagens feitas atualmente em automóveis e motocicletas para a bicicleta. Esse fato também está em consonância com o conteúdo do PlanMob-BH no seu documento de Gestão da Demanda e Melhoria da Oferta.